A massa colorada sempre foi acostumada a presenciar futebol de qualidade. Os esquadrões rubros sempre jogaram de forma ofensiva e com bastante técnica. É assim que podemos definir a Escola Colorada de Futebol, um celeiro de jogadores habilidosos, velozes e goleadores, como também de defensores de grande técnica. Em 1992, o torcedor do Sergipe sentia-se orgulhoso por ver essa tradição sendo posta em campo, um time então campeão que defenderia o título de forma primorosa.
A temporada de 1992 iniciava promissora no João Hora, já que os atuais campeões mantiveram a base do grande time do ano anterior. Além disso, os jovens talentos mostravam uma grande evolução, não mais sendo considerados apenas promessas. Por outro lado, o Mais Querido não contaria com o craque Leniton, que havia sido emprestado ao Bahia, no início do campeonato, o qual só retornaria no segundo turno.
A primeira partida do ano ocorreu contra um adversário que fi caria marcado na temporada: o antigo São Cristóvão de Carmópolis. O Sergipe não enfrentou dificuldades ao vencê-lo pelo placar de 2 a 0 com gols de Rocha e Zé Raimundo. Em seguida, os rubros venceriam o União de Propriá e o Estanciano, este último goleando por 6 a 0. Apesar do bom início, o time teve um péssimo desempenho na Série C e passou a sofrer derrotas também no estadual. Com isso, o treinador Ribeiro Neto optou em mudar os ares ao sair do clube.
Enquanto o presidente Motinha não definia seu sucessor, o artilheiro Rocha passou a desempenhar também o papel de treinador na vitória contra o Maruinense e na derrota para o maior rival na decisão do 1º turno.
Finalmente, na fase seguinte, estreava o técnico que acompanharia o time pelo resto da temporada. Tratava-se do carioca Ivan Gradim.
O novo comandante também contou com a volta de Leniton após o término do seu empréstimo ao tricolor baiano. Após essas mudanças, o Sergipe ganhou fôlego para se recuperar no campeonato, alcançando, assim, o título do 2º turno ao vencer a equipe do bairro industrial por 2 a 0, gols de Rocha.
O final do campeonato se aproximava e o Gipão acumulava vitórias até a partida que selaria o bicampeonato. Eis que a conquista chegaria em duelo contra o adversário da estria da competição, o São Cristóvão. Uma caravana com mais de 20 ônibus e 200 carros, segundo o jornal A Gazeta de Sergipe, saiu de Aracaju em direção ao estádio Petrolão em Carmopólis. Os colorados precisavam de apenas um empate para o título.
A massa colorada viu seu esquadrão abrir o placar com Leniton de cabeça, logo aos 11 minutos, após cobrança de falta de Osvaldo. Mas, ainda no 1º tempo, Malvina empatou para o São Cristóvão, terminando assim o 1º tempo.
Na volta do intervalo, os adversários estavam mais motivados, criando chances claras de gol. Atento a situação, o técnico Gradim mexeu na equipe colocando Zé Raimundo na partida. Com a mudança, o Sergipe melhorou na partida até desempatar o placar com Elenilson. A torcida rubra já fazia a festa nas arquibancadas quando Zé Raimundo deu um lençol no zagueiro e cruzou na medida para Leniton fechar o placar. Final, Sergipe 3 x 1 São Cristóvão, para o delírio da Massa Colorada que viu seu time conquistar o bicampeonato de forma antecipada e a 25ª taça na sua galeria de troféus.
Em 1992, as camisas já não eram mais produzidas pela Adidas, e apenas os calções continuavam a ser usados. As camisas não tinham um fornecedor definido e eram simples. O conjunto titular era composto pela camisa vermelha com golas e punhos brancos, calção branco e meiões vermelhos. O conjunto reserva era com a camisa branca com golas e punhos vermelhos, calções vermelhos e meiões brancos.
Texto base de Davi Tenório. Revista Almanaque do Gipão. Edição n° 2. Janeiro de 2020