Nossa regressão histórica entra no ano de 1999, ano em que o Sergipe conquistou mais um título estadual. Após a histórica sequência do Hexa, o Sergipe atravessou uma brusca queda de rendimento dentro de campo. A torcida, acostumada a grandes decisões, viu seu time ausente das finais de 1997 e 1998, assim como presenciou o rebaixamento para a Série C do Brasileiro. Para piorar a situação, a queda de parte da marquise do Batistão gerou um duro golpe ao esporte sergipano, principalmente para a massa colorada. Diante de um quadro bastante desfavorável para a torcida e para o clube, eis que surge a mística do João Hora. Há anos o gramado do Mundão do Siqueira fora palco de jogadas de verdadeiros craques que vestiram o manto rubro. No entanto, tais lances se restringiam aos treinos que as equipes profissionais e da base realizavam no JH. Com a interdição do Batistão, a diretoria colorada buscou uma alternativa para as partidas da temporada de 1999, sendo o primeiro teste um amistoso de diante do Curitiba genérico no Estádio João Hora. Para a surpresa de muitos, um bom público compareceu no dia 6 de janeiro para uma partida pouco convidativa diante do campeão da 2º Divisão do Estadual. A magra vitória colorada por 1 a 0 em um amistoso despretensioso de pré-temporada foi o casamento entre torcida, estádio e time que se mostraria fundamental para um grande ano. A temporada rubra começou a todo o vapor. Logo de início, o Sergipe recebeu seu maior rival na abertura do Sergipano, empatando em seus domínios pelo placar de 1 a 1. Obteve sua primeira vitória fora de casa ao vencer o Propriá por 2 a 0 e perdeu sua primeira partida justamente dentro de casa para o Lagartense, desanimando aqueles torcedores esperançosos da pré-temporada. O torcedor colorado é impaciente. No entanto, todos nós sabemos que os vitoriosos esquadrões rubros exigem um tempo para engrenar. E foi assim que no dia 17 de março, aniversário da cidade, que a massa colorada lotou o João Hora para presenciar o primeiro triunfo do Sergipe dentro de casa, justamente sobre o poderoso Vitória pela Copa do Nordeste. A partir deste triunfo, a equipe do Sergipe passou a apresentar um futebol vistoso com ótimos aproveitamentos. Sob a batuta do técnico Luis Carlos Cruz, uma equipe ofensiva e de futebol coletivo dominou todas as fases seguintes do Estadual. Com destaque para o faro de gol do artilheiro Hugo Henrique, as jogadas e as assistências do talentoso meia Mazinho Brasília, a jovem revelação do campeonato Nilson e as defesas de Fábio Maia. A boa fase também se estendeu ao Nordestão, no qual o Mais Querido conquistou a primeira colocação do grupo e a classificação para as quartas-de-finais, sendo eliminado posteriormente pelo Sport Recife. A cereja do bolo veio no dia 4 de agosto, quando na última rodada do quadrangular final, Sergipe e Confiança se entraram no gramado do Sabino Ribeiro para o desfecho do campeonato. Os rivais não possuíam chances de título, mas encaravam a partida como uma grande decisão, já que a derrota para os rubros significaria uma festa imodesta dentro de sua própria casa. Já o Sergipe, dono da melhor campanha da competição, poderia ser sagrar campeão até mesmo com uma derrota, contando assim com um tropeço do Lagartense. Os azulinos mostraram que realmente queriam pôr água no chopp colorado ao abrir o placar com Eriverto. Mas, o Sergipe reagiu no final do 1° tempo após cobrança de penalti de Hugo Henrique. Já na etapa complementar, um passeio colorado. O Gipão virou a partida com Sidney e ampliou o marcador com Ailton. Coube ao Mazinho Sergipano sacramentar a goleada, para o delírio da Massa Colorada que invadiu a casa do rival e pôde comemorar a volta olímpica do Mais Querido com sua 30° taça de Campeão Sergipano. Com o fim do campeonato conquistado de forma soberba, o Vermelhinho voltou as suas atenções para o Brasileiro da Série C, realizando uma boa campanha, apesar da polêmica eliminação. O Uniforme de 1999 foi o igual ao da temporada 2000, sem o logotipo da FSF no peito e com o logotipo do BANESE às costas.
Texto base de Davi Tenório. Revista Almanaque do Gipão. Edição n° 1. Novembro de 2019