Na temporada 1985, coincidência ou não, o presidente do Sergipe, Antônio Soares da Mota, repetiu a mesma bem-sucedida fórmula do ano anterior para chegar ao bicampeonato. Como em 1984, o Sergipe trocou três vezes de treinador ao longo de sua campanha. O time começou sob o comando do técnico Onça. Depois veio Luís Pondé, que cedeu seu lugar para Mirobaldo. Por fim, Luís Pondé voltou a dirigir a equipe até a decisão. Nova coincidência: o mesmo Pondé sagrara-se campeão com o Sergipe na temporada passada.
Mesmo com todas essas casualidades, em nenhum instante a torcida do Sergipe pôde comemorar a conquista antes da hora. No domingo, dia 1.º de dezembro, o time deixou Aracaju e percorreu 74 km até a cidade de Estância em busca dos dois pontos que lhe dariam o título por antecipação. Sua fanática torcida também tomou de assalto o pequeno Estádio Augusto Franco. Bem que o Sergipe tentou o gol, mas o Estanciano se desdobrou e conseguiu segurar o empate de 0 x 0, inspirado pelo gordo bicho do Itabaiana — que com este resultado ressuscitaria suas chances de chegar ao título.
Desta forma, a finalíssima foi adiada para o domingo seguinte, dia 8. Para o Sergipe, bastaria um empate. Mas o Itabaiana não deixava de ser um terrível pesadelo. Seu presidente, por exemplo, garantia durante a semana que o time não entraria em campo caso o Tribunal de Justiça Desportiva não julgasse o centroavante do Sergipe, Londrina, que já cumprira suspensão. Todos temiam que o vexame da final de 1982 se repetisse — o Itabaiana não entrou em campo na decisão contra o Sergipe e depois foi beneficiado pelo STJD, que dividiu o título.
Mesmo com esse clima de insegurança e a forte chuva que caía sobre a capital, as duas torcidas lotaram o Estádio Lourival Batista, o Batistão. Logo aos 23 minutos do primeiro tempo, o centroavante Londrina abriu o marcador para o Sergipe: bateu uma falta de longa distância e o goleiro Marcelo aceitou um grande frango. Quinze minutos depois, o Itabaiana empatou, com um gol de Angioletti. Mas foi inútil; o time não teve forças para reagir e vencer.
No final, festa da torcida do Sergipe, que invadiu o gramado e obrigou que o troféu só fosse entregue no vestiário. No meio de tanta euforia, o presidente Antônio Soares da Mota já começava a fazer planos para o tricampeonato. Seja lá quantas vezes precise trocar de técnico.
Fonte: Revista Placar, Edição 815, Janeiro de 1986
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